segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Jornada Shakespeare e Jornada de Paz Tempo de Guerra fazem parte da Trilogia – Jornadas (junto com um terceiro trabalho a ser montado em 2010). Esses dois espetáculos marcam a retomada do Grupo Bicho de Porco sob a direção artística de Jiddu Saldanha; poeta, mímico, ator e diretor teatral de renome nacional. São trabalhos construídos com rigor, pesquisa e método dentro das propostas de um teatro de pesquisa e reflexão que sempre nortearam os trabalhos do grupo.

A Trilogia – Jornadas pretende discutir a função social do trágico e do lúdico enquanto características formadoras do teatro ocidental, e como eles sobrevivem, se inserem, se modernizam em uma sociedade fortemente globalizada, onde os valores regionais e específicos de cada cultura são diluídos e abafados a cada dia; utilizando o teatro como instrumento consciente de reflexão e perpetuação de nossa cultura, tanto como brasileiros quanto como latino-americanos.


Essa tem sido a nossa busca nessa retomada do grupo. O dia a dia desse fim de ano está recheado de papéis, livros, possibilidades de parceiros e projetos. Nessa fase de pesquisa estava revendo pela sexta ou sétima vez "A Mochila do Mascate", documentário que conta a bela história de Gianni Ratto.Que grande homem de teatro! O teatro, assim como a vida, tem que sempre revelar algo ao artista que o executa e ao público. Ou como diria Shakespeare, "penetrar o mistério das coisas como se fossemos espiões de deus". Esse filme é sempre revelador. E carregado de lucidez, paixão, amor, conhecimento e sabedoria. Divido com os amigos e colegas que lêem o nosso blog, algumas pérolas desse grande artista:

" 80% do que fazemos são fracassos. Mas são fracassos construtivos. Porque te levam a algum lugar. Um fracasso inteligente vale muito mais que um sucesso relativo."

"No silêncio, você descobre."

"A ausência das coisas no teatro é tão importante quanto a presença."


Ainda sabemos pouco sobre como será a terceira Jornada. Desconfiamos de alguns caminhos. A força da palavra shakespeareana e poética, que foram a base das duas primeiras jornadas devem ser trocadas por um outro tipo de investigação. Novas parcerias devem surgir. Com certeza será um processo bem diferente. esse que começará em janeiro. O momento é de estudo e de manter as antenas ligadas. Preparar e planejar esse novo processo com o cuidado de quem arruma um barco para partir e enfrentar o desconhecido no mar.É o desconhecido que nos espera. O desconhecido que queremos.

"Navegar é preciso"


Postagem realizada por Bruno Peixoto Cordeiro

2 observações:

Méntimus disse...

O desconhecido, assim como o vazio nos toca profundamente. É um toque transformador!

Cadinho RoCo disse...

No desempenho seja lá do que for é sempre muito pertinente termos a referência do amor, do querer fazer realizar criar. A partir daí tudo passa a ter sentido.
Sucesso na empreitada de 2010.
Cadinho RoCo